quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CONCEITO

CONCEITO

Jornalismo cultural é o ramo do jornalismo que tem por missão informar e opinar sobre a produção e a circulação de bens culturais na sociedade. Complementarmente, o jornalismo cultural pode servir como veículo para que parte desta produção chegue ao público, publicando crônicas, contos, poemas, fotografias não-jornalísticas, desenhos de humor e ilustrações, ou através da veiculação de trechos de livros, letras de música e reprodução de quadros e desenhos.

“Não há nada de nostalgia ou negativismo em observar que o jornalismo cultural brasileiro já não é como antes. Pequeno panorama histórico é suficiente para mostrar que grandes publicações e autores do passado têm hoje poucos equivalentes; mais que uma perda de espaço, trata-se de uma perda de consciência e ousadia e, como causa e efeito, uma perda de influencia. Assim define o escritor Daniel Piza na introdução do livro de sua autoria “Jornalismo Cultural”.

O que podemos dizer a respeito do conceito do escritor citado, é que sua obra vem de encontro ao que vivenciamos no dia a dia como editor de cultura da empresa jornalística para a qual trabalhamos. É claro que é muito salutar ser pago para fazer o que a gente gosta, porém como é o nosso caso.

O jornalismo cultural ou o jornalista cultural aquele que vive o dia da cobertura de eventos culturais, ainda hoje é discriminado dentro da mídia como um todo. Para a maioria dos comunicadores que em outras editorias, o jornalista cultural é considerado como “fanfarrão” quer dizer, aquele cara que chega tarde à redação, escreve sobre alguma exposição, lançamento de livros o pré estréia de um filme e vai embora. “É fácil fazer jornalismo cultural” professam os colegas de redação.

“Ironicamente, as ações culturais dos grandes jornais continuam entre as mais lidas e queridas e, como venho notando no dia-a-dia do meu trabalho e nos seminários a que compareço, o jornalismo cultural vem ganhando mais e mais status entre os jovens que pretendem seguir a profissão” escreve Piza.

Os cadernos culturais têm uma importância para a relação do jornal com o leitor ou desse com o jornal, muito maior do que se supõe.
Para comprovar essa citação, lembramos que os acadêmicos do 6º período de jornalismo da Uniron, em 2008, atendendo indicação do professor Modesto, realizaram uma pesquisa para saber quais os cadernos mais lidos nos jornais locais. O caderno de Cultura do jornal Diário da Amazônia e o segundo caderno do jornal O Estadão do Norte foram citados entre os mais lidos e a página do Zékatraca foi a campeã de citações.

Para Daniel Piza o jornalismo cultural deve receber um tratamento diferenciado, mas recusa a noção de que seja fácil e simples. Há grandes questões para ele enfrentar. A maior delas, talvez, seja a infinidade de oposições, de polarizações, que o contamina a todo instante. Entretenimento versus erudição, nacional versus internacional, regional versos central, jornalista versus acadêmico, reportagem versus crítica. Na verdade, tais dicotomias estão relacionadas com um velho debate filosófico que opõe o compreender e o julgar, debate que está na origem do jornalismo em geral, não apenas cultural. “Jornalismo como se sabe, tem de estar no sangue; jornalismo cultural tem de estar no DNA”.

No livro Jornalismo Cultural, Fabio Gomes escreve em sua introdução:
Os jornais têm buscado dar conta da crescente complexificação da sociedade atual através da criação de editorias especializadas e cadernos segmentados. A tendência, denominada “segmentação” ou “cadernização”, faz com que ganhem em visibilidade conteúdos que há muito tempo freqüentam as páginas da imprensa.

Enquanto é bastante simples a delimitação do conteúdo a ser abordado por alguns destes cadernos, como o esportivo ou o agrícola, o mesmo não se dá com o cultural. Embora exista uma multiplicidade de conceitos de cultura, objeto constante de estudo da Antropologia, Sociologia, Semiótica, Filosofia e outros ramos do conhecimento humano, o jornalismo recorre à visão humanista. Não bastasse esta ser já de natureza restritiva, por muito tempo o jornalismo cultural se fixou apenas na chamada “cultura erudita”.

Esta postura, embora não seja mais a regra, encontra ecos na população, a julgar por uma pesquisa da Secretaria Municipal da Cultura de Belo Horizonte realizada em 1996, em que mais de dois terços dos entrevistados respondeu que um filme de Steven Spielberg não é cultura (Piza, 2004, p. 45).

Se a criação de cadernos denominados como culturais é recente, não se deve esquecer que esta é apenas uma nova apresentação de uma tradição que acompanha há muito tempo a imprensa mundial e a brasileira – aqui, desde seus primeiros passos. Nesta longa trajetória, o jornalismo cultural tanto adaptou gêneros de texto informativos e opinativos já existentes, como a notícia e a reportagem, como implantou na imprensa gêneros próprios como a crítica e o ensaio – este último, diga-se de passagem, também tem ajudado a aprofundar a cobertura em outras editorias.


GÊNEROS DO JORNALISMO CULTURAL

O jornalismo cultural faz uso de dois gêneros de texto: os informativos, cuja prioridade é contar ao leitor algo que ele não sabe, e os opinativos, cuja ênfase é apresentar ao leitor a opinião do jornalista sobre uma obra ou evento cultural. Falo em prioridade e ênfase, porque é natural encontrar algo de opinião em resenhas, assim como um texto opinativo, por melhor que seja, não estará cumprindo sua função jornalística se não for também informativo. (Jornalismo Cultural Fabio Gomes www.jornalismocultural.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário