quarta-feira, 25 de novembro de 2009

HISTÓRIA DO JORNALISMO CULTURAL NO BRASIL

HISTÓRIA DO JORNALISMO CULTURAL NO BRASIL

Cobertura cultural na imprensa geral – Embora os primeiros cadernos culturais só apareçam no século XX, podemos dizer que o destaque aos assuntos culturais na imprensa brasileira vem desde seu nascimento. Basta vermos os títulos completos do nosso primeiro jornal, Correio Brasiliense ou Armazém Literário, e da primeira revista, As Variedades ou Ensaios de Literatura. Ambas as publicações pareciam livros - tanto o jornal, editado em Londres por Hipólito José da Costa entre 1808 e 1822 e distribuído clandestinamente no Brasil, quanto a revista, de que saíram dois números em Salvador em 1812, numa iniciativa do livreiro Manoel Antônio da Silva Serva. Entre as seções do Correio, figuravam “Comércio e Artes” e “Literatura e Ciências”.


Ao longo do século XIX, os jornais brasileiros eram menos órgãos noticiosos que veículos políticos - a princípio, lutavam pela Independência; durante o Império, serviam para marcar o apoio a esta ou aquela facção; até culminar com a promoção das campanhas abolicionista e republicana. Isto não impediu, porém, que a cultura sempre se fizesse presente em suas páginas.

O mais importante jornal do começo do Império, A Aurora Fluminense (1827-1839), nasceu com três seções: “Interior”, “Exterior” e “Variedades”; nesta, conforme Bahia (1990, p. 47), o editor Evaristo da Veiga explicava já na “Introdução” do primeiro número, de 21 de dezembro de 1827, que teriam lugar “as correspondências que aos nossos concidadãos aprazer (sic) enviar-nos, as análises de obras interessantes literárias, ou políticas, hinos nacionais, e de todos os fragmentos de literatura, que de ordinário os outros jornais compreendem no artigo Variedades”.

O teatro em seguida passou a ser presença freqüente na imprensa. Ele era citado, por exemplo, já no nome d’ O Espelho Diamantino – Periódico de Política, literatura, Belas Artes, Teatro e Modas Dedicado às Senhoras Brasileiras, considerada nossa primeira revista feminina, que circulou entre 1827 e 1828. Em jornal, a mais antiga citação que localizei foi a curiosa publicação em O Amigo do Homem e da Pátria (Porto Alegre, 30 de outubro de 1829), de um ofício do comandante militar de Rio Grande (RS), coronel Joaquim Antônio de Alencastre, dirigido ao cônego Antônio Vieira Soledade, e relatando que as homenagens na cidade ao aniversário do imperador D. Pedro I haviam incluído uma peça representada pelos oficiais do 17º Batalhão em teatro particular.

Em 1855, o cronista José de Alencar foi demitido do Correio Mercantil por criticar as especulações na Bolsa de Valores. Para não correr novamente o risco de demissão, adquiriu com alguns amigos o Diário do Rio de Janeiro, onde publicou em 1856 seu romance Cinco Minutos em folhetim. Uma edição do texto completo foi oferecida como brinde aos assinantes do Diário. A obra, estréia de Alencar em livro, registrou grande procura também de parte de não-assinantes.

Veículos especializados – Semelhante ao verificado em relação à imprensa geral, teatro e literatura dominam o campo de publicações especializadas em cultura no século XIX. Eram relacionados com o palco: o panfletário jornal O Coruja Teatral (Rio de Janeiro), de 1840; a Revista Teatral, publicada por estudantes de Recife em 1850; e a Revista Dramática (Rio de Janeiro), semanal, que publicou quatro números em maio de 1860.

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